Pages

segunda-feira, 24 de maio de 2010

UMA VIDA DE PALHETA - ALENCAR

Fiel,
a Sessão "Uma Vida de Palheta" desta semana tem a honra de entrevistar um dos botonistas mais "antigos" da nossa modalidade.
Atualmente Franja (para os amigos), é o 4º colocado no Ranking Paulista - Cat. Master...
Confiram....

Nome Completo


Humberto Scavinsky de Alencar


Apelido


Vixe, tem um monte: Beto, Betinho, Ceará, Franja...


Um ídolo no futebol


Não tenho um só, mas alguns. Wladimir, Sócrates e Casagrande são talvez os que mais admiro. O Wladimir eu conheço pessoalmente, pois residimos no mesmo edifício em São Paulo, antes de ele casar, e eu me tornei muito amigo do irmão caçula dele, o Maurício, que jogava botão muito bem. Depois de anos sem vê-lo, reencontrei o Wladimir lá no Parque São Jorge e também no meu trabalho, já que pertencemos ao mesmo partido político.


Tempo de fut mesa...


Bem, acho que posso dividir em pré-federado e pós... Na pré-história: Comecei a jogar botão aos 8 anos, depois de ganhar um pacotinho da Estrela com dois times de botão, o Corinthians e o Jardim Leonor, mais conhecido como SPFW. Esses times tinham a fotografia dos jogadores e eu me lembro de vários do Corinthians: Ado, Paulo Borges, Ditão, Dino Sani, Rivelino, Flávio, Buião... Infelizmente, eu não tinha aos 15 anos a noção do valor que esses times teriam no futuro e desfiz os dois. Um virou o Atlético Mineiro, o outro virou o extinto Brasília por coincidência, os botões pretos representam um time grande e os vermelhos um time que já faliu, como o que sucedeu ao SPFW...Depois de anos jogando sozinho ou com amigos da rua onde morava, tanto no Ceará quanto em São Paulo, em 1991 soube que existia a Federação Paulista. Com um amigo, fui à FPFM, na antiga sede do Colégio São Judas, peguei as regras, depois fui ao Lorival e mandei fazer um time, Cinza com uma linha azul, representando o Dínamo de Kíev. Passei a jogar na modalidade 12 toques regularmente, em uma "garagem" de um jornalista chamado Renato Modernell, com outros jornalistas aficcionados por botão, como o Milton Belintani, que em 1992 promoveu a 1.ª Copa Placar, no Shopping Ibirapuera.Federado: Com alguns integrantes dessa garagem (Peron e Flamarion, que pararam de jogar botão) acabamos fundando uma equipe, filiada à FPFM em outubro de 1992 mas que só disputou o equipes em 1993. Era o Raul Tabajara, sediado em um clube da prefeitura situado na rua Anahanguera, na Barra Funda. Nosso batismo foi em um torneio aberto disputado em outubro de 1992 no Clube 2004, em Santos, não lembro que colocação eu tive no torneio.Saímos do Raul Tabajara no fim do ano para fundar o futebol de mesa do Nacional Atlético Clube. Fui sócio de lá durante a década de 1970 e aquele clube tinha virado uma referência de lazer para mim e meus amigos em Perdizes. Como o resto do pessoal que jogava botão no Raul Tabajara gostou da ideia de abrir o futebol de mesa lá no clube da Água Branca, não titubeamos. Jogamos lá de 1994 a 1999, quando fechamos. Diversos problemas nos afastaram do futmesa — a mim e ao Peron — como o excesso de trabalho e também o roubo de equipamentos, por exemplo. Coisa corriqueira ali, já que naquela época, à noite, o clube não tinha uma boa segurança. Uma vez chegamos para disputar uma partida contra o Bloco do R e vimos, surpresos, que nossa sala tinha sido arrombada e nosso arquivo, onde estavam as traves, bolas e relógio, furtado. Tomamos assim o WO que selou o destino da primeira parte da história do NAC.


Clubes por onde passou...


Fundei, junto com o Peron, o Raul Tabajara em 1993 e o Nacional Atlético Clube em 1994, permanecendo nele até 1999. Em 2000, com a extinção do futmesa do NAC, fui para o Corinthians, sendo recebido de braços abertos pelo Atienza, Marcatto e Henrique... A alegria durou pouco. Em março daquele ano, o Estado de S.Paulo, onde eu trabalhava, inaugurou o Portal Estadão e eu passei a trabalhar umas doze horas por dia, tornando impossível o treino semanal. Acabei deixando o futmesa. Voltei em 2006, ao Corinthians, porque mudei de trabalho e minha rotina havia se tornado humana, com horários plausíveis para treinar e jogar nos fins de semana.


Títulos conquistados...


Individualmente não sou nenhum craque, portanto minha "galeria de troféus" não é extensa e ocupa uma pequena prateleira de uma estante que tenho em casa. A primeira vez que levantei um troféu foi na Taça São Paulo, Série Extra, de 1994. Muitos que ali estavam - no Nacional - lembram que gritei "se até o Dunga levantou, porque não eu?". O torneio foi disputado uma semana depois do fim da Copa dos Estados Unidos, salvo engano, e o troféu foi o de quarto lugar da competição.Em meu retorno, no ano de 2006, só disputei um Aberto. Foi o de Taubaté e eu obtive o troféu de terceiro lugar após uma campanha cujo ápice foi uma goleada de 9 a 1. Esse troféu me motivou a prosseguir jogando.Em 2008 fui campeão do Aberto do Meninos, na série Ouro da Master e terminei o Paulista individual em 3º lugar, empatado em pontos com o campeão e o vice. Em 2009 fui bicampeão da Ouro-Master do Aberto do Meninos. Esses três troféus são os que considero mais "valiosos" na minha pequenina coleção.No que tange a títulos por equipes, tenho com muito orgulho o primeiro título de Campeão Paulista da categoria Master por equipes, vencido por nós do Coringão em 2009. Fui o técnico responsável também por uma taça de vice-campeonato no infantil do Nacional, torneio disputado em 1994 se não me engano. Perdemos o jogo que nos daria o título por causa da ausência do segundo melhor jogador da equipe que, a contragosto, teve de viajar com os pais justo no fim de semana do jogo decisivo, contra o Maria Zélia. A taça ficou na sala da coordenadoria de esportes por muito tempo. Hoje não sei que fim levou.Acredito que o trabalho de cartola não tem a ver com papar títulos, afinal de contas vale a história de que o pato é um bicho que nada, voa e anda, mas é desengonçado nessas três atividades. Por isso tento ficar longe da 'cartolagem', quem sabe assim não belisco mais um título?


Um lance seu inesquecível no fut mesa...


Lembro mais os jogos inesquecíveis, em que me superei para alcançar e superar o adversário no placar. Em 1994 enfrentamos o Círculo Militar, no Ibirapuera, quando fiz dez pontos em 12 (cada vitória valia dois pontos) em um time que hoje tem jogadores de ponta do ranking paulista. Enfrentei naquela partida amigos que conservo até hoje, como o Duda, o Edu Santos e o Fabio Conn. Mais recentemente, durante o 3.º Aberto de 2008 no Meninos, consegui virar um jogo perdido. Estava na segunda fase do aberto e meu segundo jogo foi com o Dênis Moreira, do time da casa. Ele fez 2 a 0 e chegou a fazer 4 a 1. Consegui empatar com 3 gols do círculo central, praticamente. O gol da virada aconteceu a alguns segundos da campainha soar, com um chute de um atacante que estava na lateral esquerda da grande área, sobre o goleiro. O empate significaria minha eliminação. Acabei campeão.Um gol que lembro claramente foi o de empate na partida que me deu o título no Aberto do Meninos de 2009. Joguei com o Corinthians campeão Paulista e da Copa do Brasil. Na metade do segundo tempo estava perdendo de 2 a 1, quando sobrou uma bola na meia direita, a uns 5 centímetros da grande área. Chutei com o Alessandro, que estava um pouco adiante da linha que divide o campo, à direita do círculo central. A bola fez uma parábola perfeita e ultrapassou o goleiro adversário, morrendo nas redes. venci a partida por 4 a 2 e aquele gol abriu o caminho para que Douglas e Ronaldo sacramentassem o título.


Na sua coleção pessoal você tem quantos times?


Tenho 17 times: Ararat Ierevan de 1973, Dinamo Kiev de 1986, Ceará (2 deles, um preto e um branco) vice da copa do Brasil de 1994, Corinthians (4 times, campeões de 1977, brasileiro de 1990, o vice da copa do Brasil de 2008 e o campeão paulista e da Copa do Brasil de 2009), Blackburn de 1994, Manchester United de 1992, Eintracht Frankfurt de 1991,Steaua Bucareste de 1994,Galatasaray de 1995, Fenerbahçe de 1995, Boca Juniors de todos os tempos, dois times "sem camisas", que ainda não decidi quais serão e quero fazer o Guarani de Juazeiro do Norte, time do meu falecido avô e o Spartak de Moscou, clube que simpatizo na Rússia, terra dos meus ancestrais maternos.


Com as grandes opções de jogos eletrônicos, como trazer as crianças para o fut mesa?


Acredito que as crianças hoje têm muito mais opções de lazer que na época que fomos crianças. Elas podem ver televisão, navegar na internet, jogar videogames em várias plataformas, nadar na piscina do condomínio onde mora, brincar de skate, etc. E também têm muitas atividades estressantes, como aulas de idiomais estrangeiros. No fim das contas, resta pouco tempo para atividades coletivas. A transformação da vida urbana nas grandes cidades privou as crianças do convívio além da escola. Eu detestava ir à escola. Hoje as crianças adoram, porque é nelas que estão seus amigos. E é nas escolas que o esporte deve ir em busca de novos adeptos. Essa frase não é minha, é do ministro do Esporte, Orlando Silva, em entrevista que concedeu ao jornal no qual trabalho. É nas escolas que encontraremos crianças dispostas a aprender algo desconhecido e novo para elas. Acredito que a FPFM deve investir pesado em trabalho junto às escolas do Estado, visando divulgar o futebol de mesa. Os pais de crianças pequenas, com dez ou oito anos, têm em média 35 anos. Esses pais, quando comecei a jogar botão, tinham idade para jogar na categoria Sub-20! E naquele época já era difícil reunir crianças em um clube para jogar botão. Divulgando o esporte nas escolas teremos um crescimento no interesse, que pode ser convertido em mais praticantes federados. Não podemos esquecer que nem todos gostam de competir. Às vezes preferem "bater uma bolinha" a fazer parte de uma equipe. Isso não impedirá a difusão do esporte. Devemos trabalhar mais também a presença na mídia e na Internet.


Dicas para quem está começando ou quer começar a praticar o fut mesa...


Após aprender o básico, quem deseja competir deve treinar intensamente duas coisas: o chute a gol e o toque, nessa ordem.O chute a gol é o ápice de sua jogada, da sua posse de bola. Portanto é o momento mais solene de sua diversão. O chute a gol varia de mesa para mesa, porque os materiais são diferentes, da mesma maneira que as bolas são diferentes no futebol de campo (cada uma tem um peso diferente), portanto o treino repetitivo é fundamental para um bom aproveitamento.Já o toque é o acessório que vai propiciar o tal momento solene. Com um bom toque de bola, o jogador chuta do local que desejar, leva a bola até o ponto que converte mais chutes a gol. Após experimentar times de graus e alturas diferentes e palhetas de material e espessura diferentes, escolha um time e uma palheta em definitivo e procure jogar sempre com eles. Quanto mais jogar com esse equipamento, mais vai conhecê-lo e mais vai dominá-lo. Evite mudar constantemente de time. Não acredite em superstições negativas... eu diria até mesmo que as "positivas" também atrapalham, heheFutebol de mesa é um esporte como o basquete: de repetição. Pode-se resumir assim:
1) Conheça a regra profundamente.
2) Pratique todo dia chutes e toques
3) Seja honesto, para aprender a jogar melhor e ser respeitado
4) Se você chegou onde queria, treine ainda mais.


Sensação de vestir a camisa do Coringão...


É um prazer imenso defender o escudo do time do meu coração. Existe sensação melhor que envergar o uniforme de seu time em uma competição? Sempre que jogo uniformizado lembro dos milhares de corinthianos que já defenderam o clube em algum momento, que suaram muito para arrancar sofridas vitórias, seja no remo, na natação, no basquete, no futebol de campo ou de salão. Lembro da nossa história de luta e do nosso berço popular. Lembro que fomos fundados no rastro do cometa Halley, que clareou as noites de 1910 e que semeou uma gigantesca nação. E isso basta para neutralizar o "sangue no'zóio" de alguns poucos adversários no momento que antecede as partidas.

0 comentários:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.